LEI DA SIMILARIDADE
“O semelhante produz o semelhante e,
portanto, um efeito se assemelha à sua causa”. Esta lei ensina que é possível
produzir o efeito desejado imitando-o.
É crença europeia que as feiticeiras
fazem cair chuva quando agitam a água de um pântano ou quando urinam na terra,
e podem tornar um homem estéril dando nó em seus cordões e amarrilhos.
Exemplos de magia por similitude são os
chamados “envultamentos” (do francês envoûtement), cuja prática se destina
principalmente à chamada “magia amorosa”, feita para acender a atração sexual
em alguém, consolidar um relacionamento, vingar uma traição. “Envultar” é
representar uma pessoa por figura de cera, pano ou argila mole. O propósito é
fazer com que a pessoa assim representada sofra, no próprio corpo, o efeito das
invocações e fórmulas verbais que são proferidas enquanto a boneca vai sendo
perfurada de agulhas, alfinetes, etc.
LEI DA CONTIGÜIDADE OU DO CONTATO
É fundamental na magia o contato
físico. Reza a lei mágica do contato (ou contágio) que “as coisas que uma vez
estiveram em contato físico uma com a outra continuam a agir uma sobre a outra,
mesmo à distância”. Aplicando uma ou duas das grandes leis da associação de
ideias – a associação por metonímia pars pro totó (“a parte pelo todo”) e a por
contiguidade (no espaço e no tempo)-, muitas e muitas vezes a magia de cura
opera pelo contato epidérmico da mão do mago com uma parte do corpo do
consulente. Mas também é possível passar o feitiço, malefício ou benefício,
energia positiva ou más vibrações, pela saliva do mago, pelo suor do médium, pelo
sopro do feiticeiro, pela fumaça do cachimbo do pajé. Os amuletos são assim:
seu poder de defesa aumenta quanto mais diretamente em contato com o corpo.
LEI DO CONTRASTE OU DO RETORNO
Todas as magias sempre especularam em
cima dos contrários, opondo o frio ao quente, a água ao fogo, o duro ao mole, o
seco ao molhado, o animado ao inanimado. Por vezes, a lei de contrariedade não
é senão um caso particular da lei de similaridade: o semelhante expulsa o
semelhante para suscitar seu contrário. Grande parte do que se entende por
magia branca não é senão malefício para barrar malefício. Trata-se, quase
sempre, de neutralizar o mal com o mal, como se os dois pólos, similares que
são na maldade, se repelissem ao invés de atrair-se. O mal sendo usado para o
bem, o vício fazendo homenagem à virtude.